Redoma de vidro

Onde está o amor de conto de fadas que quando adolescentes procurávamos incansavelmente? Onde está o sentimento mútuo que líamos nos grandes romances? Onde está a história conturbada que terminava em uma grande paixão que víamos nas novelas?

Vivemos na era em que é fácil conhecer um novo alguém. Como em um passe de mágica, repomos esse alguém que está hoje aqui por outro, um modelo mais novo, ou mais intelectualizado, ou mais bonito. E fazemos isso como se estivéssemos trocando nosso guarda-roupa de inverno pelo de verão.

Não há mais a vontade de tentar. E não digo o tentar quando tudo está ótimo. Não há mais vontade de dar as mãos, abraçar forte para passar pela tempestade. Nas primeiras gotas de chuva, já nos distanciamos, pois nosso guarda-chuva é para um só. Só vale a pena estar junto nos dias de Sol.

O problema é quando o inverno se aproxima e aquele buraco no peito que deixamos esquecido durante o verão faz sentir-se gelado. Aí queremos alguém para acalentar, para preencher o espaço vazio. Só esquecemos de um detalhe: é necessário cultivar para colher os frutos.

Essa cultura de que tudo vem pronto, limpo e industrializado serve para os alimentos e produções em grande escala. Para o amor, ainda vale o cuidado individual, dos mínimos detalhes, cuidado a cada segundo para que ele continue a crescer.

É errado hoje em dia querer uma única pessoa. É errado querer se entregar. Dá medo se entregar. Porque muitas vezes, mergulhamos de cabeça em uma piscina de concreto. E aí, lá embaixo, ninguém nos ajudará a nos recuperarmos. E as cicatrizes permanecem por muito tempo, até que em certo ponto, nós também deixamos de acreditar e nos tornamos mais um dos seres vazios que andam pelo planeta.

Indo contra o fluxo, decidi que vou esperar meu príncipe dentro de uma redoma de vidro. Pois sei que em algum momento, vou ser escolhido como a torta preferida de alguém.

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Sobre The Serious

Capricorniano nato, organizado e extremamente perfeccionista. Idealizador, que quer conhecer o mundo todo. Turismólogo por formação. Brasileiro e orgulhoso disso! Ama bife de picanha com arroz, feijão, farofa e batata frita e não abre mão de uma boa dose de Absolut, seja com coca, com suco, com gelo. Leitor ávido de todos os tipos de livro. Ouve todo tipo de música, de Cher à Victor e Léo. Adora uniformes e ternos. Viciado em viagens. Postagens às quartas.

Publicado em março 20, 2013, em Pensamentos, The Serious. Adicione o link aos favoritos. 2 Comentários.

  1. Não há problema nenhum com a torta, as pessoas é que fazem as suas escolhas. Ao final do dia ela permanece intacta. E talvez seja justamente isso que desperte a atenção de alguém… ótimo texto!

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